segunda-feira, janeiro 23, 2012

Reencontro Registrado















Quão lindo dia de verão que termina
Entre os arbustos filmas com tanta ternura
Registrando os campos sob ingênua mira
No foco a paisagem de cores tão puras.

Nosso bom recanto tem história e cor
Guarda o testemunho de tua chegada
E sela o reencontro de tão velho amor
Que por expiação fora prorrogada.

Amor que viveu uma outra existência,
Num chalé branquinho que a relva ladeou
Guardando segredos que só a consciência

Diz que um dia ela  de mim te levou
E lá,  separou  vidas  com tal violência,
Que somente agora você me encontrou. 

quarta-feira, janeiro 18, 2012

Sina

      Antônio José
 Estava pensando com a monotonia
 Que na vã magia me apareceu
 Refletimos torpes os nossos momentos
Mas sem sentimentos para não abalar
Andamos na rua e colhemos flores
Frutas sem sabores pra não perturbar
Vimos tantos rostos tantas peripécias
Um em cada história, cada história em um
É cada alegria e cada tristeza
É a natureza em seu natural
Dez ladrilhos cinzas em vastas pastagens
Dez olhos sangrentos em negras ramagens
Já não choram mais os filhos do tufão
Pois secarão mares de choros azuis
Crianças morenas e homens seminus
São crias da terra e filhas de urubus
E magras ossadas a serem vendidas
São carnes perdidas são carnificina
Mas gritos e choros que ainda se ouvem
Brilham como orquestras em cada esquina
Saciar a fome com o poder da dor
Congelar o amor pra poder vender
Uma casa branca de limpo perfume
Pode ter estrume se se procurar
Porém não desisto desta minha sina
Enquanto brilharem os olhos da menina




Breve Relato

Cada encontro está carregado de perdas(Vilma)
Te escrevi mil versos
Te enviei mil flores
Que nem mil amores poderão te dar
Mas sem nossas vidas sem falsos pudores
Palavras são cores que dispensam insignias
Mas se navegarmos em contos de fadas
Pela noite a dentro em noites alquebradas
Teceremos torres faremos anáguas
Gaviões alados são contos de fadas...
Ô bravo guerreiro de lança amarela
Que escolta a lapela lá em meu país
Busca os perdizes que na chuva cantam
Cantigas de amores por velhos cantadas
O que não dizer, ó minha Atena doce?
Que em mil lampejos e minh'alma entrou
Mas só são palavras de fácil enfeite
Que busco no seio pra te agradar
O que tu não sabes é que em meu país
Janelas são potros, potros são janelas
Mas tu és tão simples tão facilitável
Que ficas difícil e indecifrável
Já tua beleza é de extremo espanto
Que nem em mil contos  poderei sanar
O que não fazer com os nossos encontros?
Pois de canto  em canto tendo a relatar.
     Antonio Jose (30/03/2003)

quinta-feira, janeiro 05, 2012

O mensageiro

Talvez pudesse mudar o nome para O LOGREIRO, fazendo uso do neologismo,ou melhor da linguagem informal, para que o eufemismo cumpra sua função verdadeira neste texto. Eu poderia ser mais direta, afinal ninguém nunca se preocupou se suas palavras feriam ou não meu amor próprio. Contudo, continuo aquela mesma criatura que prefere sofrer a fazer isso aos outros. Será que isso é ser mais humano ou mais astucioso?Mas para quem leva o nome de mensageiro, nome que se denomina Jesus, suas ações nem de longe igualam-se as Dele, pois  além de disfarçadas nunca tiveram a intenção de ajudar ou curar ou aliviar ou ensinar, pelo contrário, objetivavam usar, magoar, desprezar. Enfim, posicionavam-se longe  da verdade, porque eram carregadas de puro embuste. Que fantástico! O mundo está cheio desse tipo, pena que as vítimas nunca as descubra antes de suas investidas. São seres mascarados, sutis, com cara de anjos mas corações de terríveis gigantes. Há diferença entre eles e aqueles considerados perigosos a sociedade? Sim. Há. O primeiro é disfarçado, age lentamente e vive entre os homens considerados inofensivos; o segundo, vive a margem da sociedade e quase sempre é reconhecido e pode ser evitado. Para ser franca , eu prefiro o segundo, porque dele posso me livrar e sei que não é nenhum mensageiro.   

O tempo é um fio



Henriqueta Lisboa

O tempo é um fio
Bastante frágil.
Um fio fino
Que à toa escapa.

O tempo é um fio.
Tecei! Tecei!
Rendas de bilros
Com gentileza.
Com mais empenho
Franças espessas.
Malhas e redes
Com mais astúcia.

O tempo é um fio
Que vale muito.

Franças espessas
Carregam frutos.
Malhas e redes
Apanham peixes.