quinta-feira, maio 08, 2014

Silenciando Minha Alma

Após á inebriante leitura do texto Escutatória do autor Rubem Alves, na sala de aula fizemos um exercício de cinco minutos de silencio: O terceiro A e eu.
Resolvemos oferecer um mínimo de silencio as almas. A minha, coitada,  já tão atormentada por gritos estridentes a me chamarem, por vozes professorais a explanar matérias! Porque, afinal acordo aula, almoço aula, durmo aula, vivo aula. Minha alma desacostumara-se do silêncio.
A princípio o exercício foi difícil, o silencio não se fazia, nem fora nem dentro. Era um arrastar de pés, um batuque de dedos nas carteiras, um que levanta-se para tomar água, uma troca de lugar, mas enfim o silêncio se fez.
Como que por encanto um gorjeio de pássaros ensaiou uma sonata na natureza, aí me dei conta de havia natureza e que a vida não só era feita de aulas! Aquele som atravessou-me os tímpanos como um feixe de luz atravessa uma fechadura e vai refletir no fundo do quarto escuro. Minha alma estava escura. não consegui ver mais nada! Quanto tempo não ouvia os pássaros? Tão bitolada me encontrava nesse universo perverso de desrespeito, preconceito, autoritarismo, falta de amor,  solidariedade, de alegria e  ausência de atenção? Só ouvia a voz da escola, mas minha alma pedia outra, a da harmonia, da sinceridade, da união infalível daquela orquestra tão natural, tão espontânea, tão feliz. Que só me foi possível apreciar esvaziando a alma, silenciando-a.
A natureza! Essa amiga mão me salvou!Despertou-me para ver o que já nem conseguia, tão envolvida estava pelo  materialismo selvagem, escravocrata  que me oprimia a alma e que me fizera esquecer o resto do mundo.
Acordei...
É. Rubem Alves tem razão,  o silêncio expulsa todas as ideias estranhas à espera do pensamento essencial.E este veio através do silêncio que ofertei a minha alma,cujo exercício me permitiu renascer para a vida que jazia fora de mim. Uma já pobre morta viva!

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