terça-feira, outubro 12, 2010

Namoro Virtual

É um relacionamento técnico, automático, imprevisível, falso e fugaz que embora enleve pela sua subjetividade, não traz realização completa para a alma.
Quando falo técnico, estou me referindo a maneira como se dá esse namoro. Na realidade ele tem base na análise cautelosa de detalhes que se vão apresentando durante o bate-papo e a partir do estudo de atitudes e reações muitas vezes demonstradas involuntariamente, vai se descobrindo o outro. Não posso dizer que nele  esteja presente o romantismo e o envolvimento que existe no cara a cara, no toque, na combinação e na soma de energia que tem o poder de atrair a alma a fim. Ele possui outro aspecto, é o de transação comercial efetuada por um procurador. O que importa é a realização do negócio, não importa as conseqüências.
Não é só isso, ele também é automático. Inicia-se a conversa e em pouco tempo já  é “ meu amor”, envia sua imagem”, “ouça minha voz”, “mostre-me suas pernas”,” como são seus seios?” fiquei excitado” “tire a roupa!” e... muitas vezes sem nem um bye, bye desaparece, sai off. Não existe um tempo que paulatinamente faça com que tudo aconteça, como quando o contato se dá concretamente. Tudo acontece na velocidade da luz. Tanto a aproximação e conquista, como o seu fim. Ambos equiparam-se a foto digital, cuja conclusão é rápida: boa ou ruim.
        Pode ainda ser definido como imprevisível. Nunca alguém pode atestar seu grau de previsibilidade. Ninguém é capaz de determinar se iniciou ou terminou. Muitas vezes é alimentado pela chantagem. E por que a chantagem? A resposta está em: quem usa a internet para namorar geralmente é uma criatura solitária que se considera desprovida de encanto para a sedução ou prepotente o suficiente a ponto de afastar as conquistas. Então resolve apostar tudo, testar seus encantos, se é que ainda tem ou os possui. A outra pessoa ao perceber a necessidade de companhia que o outro demonstra, inicia a dizer, você é ou não minha  garota ou meu garoto? Esquecem até que muitas vezes nem tem idade para serem chamados de garotos! Todavia o jogo continua e dá-se a entrega pelo medo da solidão. Pronto acabou o encanto. O desconhecido não mais existe. O interesse que havia antes se desfaz. Então, vamos partir para outro que terá as mesmas características inesperadas.
São muitos os inconvenientes neste "suposto namoro", mas ninguém tolera falsidade. No relacionamento em destaque, diz-se tudo que quer. Que ama. Que se apaixonou. Que teve o coração flechado. Tudo se torna bem mais fácil para mentir quando não se tem a presença do outro. E o pior de tudo, é que aquelas mesmas palavras estão sendo escritas ou pronunciadas para outras tantas pessoas ao mesmo tempo! Este namoro, sem sombra de dúvida, é um exercício de hipocrisia. Assim, a valorização do outro e seus predicados vão se coisificando e ao mesmo tempo vivendo-se de momentos inexatos.
Faz-se necessário ainda insistir na fugacidade desses relacionamentos. Pois aquilo que se pauta em sonho, já está predeterminado a desfazer-se. A princípio, possui o encanto da borboleta no casulo: linda! Para em seguida, tomar por forma a lembrança que ela conserva sobre o casulo: nenhuma!
Será que existe justificativa para tais relacionamentos? Nos meus parcos conhecimentos, encontrei resposta também para eles analisando a faixa etária do público que os procuram. Geralmente são pessoas que já extrapolaram a idade das ilusões. Os desquitados, divorciados, viúvos encalhados ou vítimas de frustrações horripilantes. Cujos seres, temendo envolver-se com alguém e voltar a sofrer e/ou ao  mesmo tempo perder a liberdade, encontram no namoro virtual refúgio para suas emoções. Vale destacar que tais  refúgios são sem nenhuma dúvida, recheados de cobiça e sonho.
Diante do exposto, pergunto-me: O que se passa com este pessoal solitário e livre? O que buscam realmente? Eu, secretamente acho que é saciar o espírito de aventura não vivido na adolescência ( porque a vida tem suas fases e qualquer uma delas que tenha sido transposta, sem o usufruto deixa seqüelas)   ou mascarar passados sombrios de desamor e incompreensão.
Confesso que não sou contra o namoro virtual, afinal, sê-lo é tirar o doce da boca da criança. Contudo, prefiro o relacionamento de verdade:  o olho no olho, o desejo ao fitar os lábios da criatura desejada, o beijo ardente, a mão a buscar aquilo que não perdi e o abraço quente e gostoso de sentir no meu o corpo do  amado.


3 comentários:

Elivelton Pessoa disse...

O texto escrito e idealizado por dona martinha, tem minha total admiração por infatizar pontos serios e de interesse a todos como: os relacionamenotos amorosos.
É lamentavel a falta de afeto e carinho hoje em dia entre casais, a falta de amor torna os relacionamentos fugazes e sem total interesse. Parabéns pelo texto e pela idéia central!

Elivelton Pessoa disse...

O texto escrito e idealizado por dona martinha, tem minha total admiração por infatizar pontos serios e de interesse a todos como: os relacionamenotos amorosos.
É lamentavel a falta de afeto e carinho hoje em dia entre casais, a falta de amor torna os relacionamentos fugazes e sem total interesse. Parabéns pelo texto e pela idéia central!

Maria.Martinha disse...

Obrigada, Elivelton. É a experiência descrita. Abraços