quarta-feira, novembro 25, 2015

Quem sou eu?

Eu não sei o que eu sou.
Se tenho medo, sou uma criança;
Se imponho medo , sou uma fera ferida;
Se não tenho ponto de vista firme, sou um pré-adolescente;
se sou autônomo, firme, sou um adulto;
Se sou conscientemente dependente, sou um idoso.
Afinal, continuo sem saber quem eu sou!
E, se eu for a junção de todas essas características?
Talvez um pouco criança...
Um pouco adolescente...
Meio adulta...
Meio idosa...
E a maior parte do tempo, uma fera ferida.
Ferida pela fobia da reclamação,
Pelo desejo de ser aceita,
Pelo temor da inveja.
Inveja? Sim. Ela me sufoca!
A fobia é tamanha,
Que chego a camuflar o verdadeiro eu.


quarta-feira, julho 22, 2015

Adversidades do fim

Como sobreviver às adversidades ao aproximar-se dos sessenta anos? 
É impossível se sentir bem quando tudo em volta mostra o descrédito na capacidade física e mental do ser que tem um pé no final da década de 50 e o outro no princípio da de sessenta. Tudo que se fala parece fora de época, tudo que se faz parece provocar um risinho de lado quase imperceptível, mas bem significativo para quem já sofre pela falta de confiança ao perceber nos olhares rápidos e desdenhosos da maioria a famosa palavra "caduco". 
Prova difícil e irreversível a da idade. Todos passam por ela, a menos que partam em tenra idade. Contudo, esse não é o desejo de quem se preza, aliás, esse é o anseio apenas de quem não está em pleno gozo de suas faculdades mentais. Todavia, aquele que tem sua idade terrena retardada muitas vezes tem também colocada em dúvida sua sanidade mental.
Pena que o valor do humano seja associado a faixa etária. Quando criança, não é levado a sério, quando ancião, também não. Se é adolescente, não tem personalidade formada. Então somente é sábio, correto, infalível o adulto! É indiscutível que todas essas faixas um dia farão parte do passado e muito dolorido será o fim porque o tempo é  imutável, o hoje nunca será amanhã e o amanhã jamais será o ontem.
É a lei da vida.Um fim de tristeza, de solidão, de descrédito e de dó... esse último é o sentimento que todos abominam em idade tardia e  certamente do qual nunca fugirão. 
Dó. É tudo que restará. E, por último, embora a contragosto, paciência e resignação... até lá... o fim. 


quinta-feira, abril 16, 2015

Prisão Consentida


             Onde há casamento, há restrição de liberdade, embora os cônjuges sejam felizes. Dessa ideologia é que surgiu a ideia de que um enlace matrimonial equipara-se a uma prisão de cinco estrelas.

    É evidente que em tudo que nos rodeia um limite se impõe e a união conjugal não poderia fugir a essa regra, visto que quando o fato se consuma, uma aliança é proposta por ambos os cônjuges: o respeito, e isso limita a liberdade, sendo tal fato considerado por muitos, uma prisão.

             Já no que se refere a felicidade, é notório que nenhum dos enamorados desejam ficar separados. A própria natureza os atrai e embora se sintam presos, realizam-se como um hóspede em um aposento de cinco estrelas. Porque o espaço é pequeno em relação a uma casa, mas luxuoso satisfaz ao alojado. O mesmo acontece no casamento, é resultado de restrições mútuas também configurando, é óbvio, o consentimento do coração.    
                Assim para que ambos sintam-se bem como casal que optou por formar uma família, faz-se necessário a aceitação como natural a união com suas limitações indispensáveis, para que seja duradoura, pois os laços indeléveis ditados pelo amor prendem ao mesmo tempo em que agradam.