Ele gostava de ser invisível, tinha coisa melhor? Fazer tudo que se tem vontade sem ser notado! O que poderia querer mais? Estava acostumado à vida entediante e confortável de homem invisível…
E ele gritava, e corria… E adorava andar nu, sentir o vento tocar cada parte de seu corpo, sem pedir licença, suavemente… Não costumava sonhar com o que não podia ter e até estava acostumado com o fato de que nunca mudaria, pois sempre existiria o vento, a lhe fazer companhia.
Foi em uma dessas andanças que ele a avistou: tão tímida, andar discreto, sorriso cronometrado. E nesse ponto me furto a explicar-lhes: Tenho a sensação de que toda pessoa tímida, consciente ou inconscientemente, possui um cronômetro natural que garante que o seu sorriso dure não mais que centésimos de segundos e, por isto mesmo, se tornem tão lindos, tão raros, tão únicos! Mas, enfim, é difícil descrever o que lhe ocorreu intimamente naquele momento em que a avistou, pois que foi um daqueles raros instantes em que o mundo para, que não mais existe nada além do motivo de toda a nossa contemplação.
E o nosso homem invisível que nunca sentira falta de nada, que nunca sentiu a necessidade de ser visto, chorou! “Como poderia ele se fazer notado?” Ao que o vento, como sempre sem pedir passagem, lhe redarguiu: “Não me podes ver, no entanto sentes meu toque…” E a esperança tocou-o profundamente…
Não era o que ele queria, por hora, mas sonhar com o instante no qual tocaria os seus cabelos longos e sedosos e sentiria sua pele, consolou-o, pois que não era preciso se fazer presente para contemplar a beleza que nos salta aos olhos! O invisível pode, muitas vezes, se tornar palpável!
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