sábado, outubro 01, 2011

A VULNERABILIDADE DO PROFESSOR ATUAL



Formador de consciências, motivador do progresso humano, devotado, responsável pelo desenvolvimento intelectual, social e político, sempre foi característica atribuída ao professor, entretanto, no contexto atual tais característica entraram em decadência.  Aliás, não foi só a qualidade do orientador de cidadão que faliu , mas o ser humano na sua integridade. 
Principiemos, neste instante uma analise minuciosa da situação a que o intemerato educador esta passando. Primeiro, é uma das categorias mais desvalorizadas, visto que quando resolve reivindicar o direito de viver com dignidade como trata o Artigo 5º da Constituição Federal, ou lhe é oferecido um acréscimo de 4 reais no salário, ou mesmo 20% e parcelado em cinco vezes percebendo a primeira parcela dois meses depois. É como se isso  bastasse para suprir suas necessidades e de sua família; segundo, é considerado no meio escolar como o responsável por todas as mazelas:  desinteresse do aluno pelo estudo,  baixo rendimento escolar e  queda do nível de ensino do Brasil; terceiro, tem se transformado em válvula de escape de  insatisfações e repressões sofridas pelos alunos, corpo administrativo de escolas e até de alguns pais.  Diante disso, o resultado se projeta em  sala de aula, com a fotografia de um educador reprimido, frustrado, humilhado, manipulado, mal pago e agredido por todos. Por fim, como se tudo isso ainda não fosse suficiente para a aniquilação desse profissional ainda surgem outros massacres a que está submetido fora do ambiente escolar, tais como as repressões policiais  no momento em que  insatisfeitos resolvem reivindicar seus direitos. 
Sobre o último fator, vale salientar o histórico de professores espancados em greve, por policiais em quase todos os Estados. Para comprovar a afirmação temos de lembrar o massacre de Minas, de São Paulo, do Rio e,  recentemente do Ceará. Será que alguém pode considerar  a violência sofrida pelos nossos irmãos de profissão,  os cearenses, como Justa? Nada justifica tamanha violência. Então, diante do fato eu lanço uma indagação: Será que entre tantas acusações que já pesa sobre os ombros dos educadores, eles agora estão também sendo acusados por extorsão, tráfico de drogas, homicídio, e corrupção pública (que nem é punida)? Porque da forma que foram tratados os professores do Ceará, nem bandidos! Cujo tratamento é bem melhor, visto que até percebem ajuda de custo nas penitenciárias. Será mesmo mais grave a falta que se comete quando se exige um salário digno do que a de latrocínio ou homicídio?
Infelizmente assistir à situação a que o professor está exposto é deprimente. São tiros em salas de aula, pontapés, socos, carteiras atiradas, pressão psicológica  por parte de gestões, espancamento por policial...  e ele lá, indefeso no meio do tiro de guerra:  olhos roxos, cirurgias para extrair balas, escoriações... Qual terá sido mesmo a falta por ele cometida para receber da sociedade tão cruel devolução? Então é dessa forma que a sociedade demonstra sua gratidão a quem até altas horas da noites pensa e planeja ações que proporcionem aprendizado, educação, desenvolvimento de habilidades e competência para proporcionar liberdade, emancipação, capacidade empreendedora e autonomia aos cidadãos?
Sei, e todos podem confirmar, que até hoje nenhuma sociedade cresceu sem valorizar o sistema educacional, por isso, quando se trata educadores como animais ou marginais, nada mais se pode esperar desta sociedade.
É fato comprovado que o modismo está no ar. Educadores sofrem da sala de aula à rua, e tem sido  desvalorizado por todos. Ainda lembro  um dia em sinal de protestos  quando com muita propriedade uma  jovem professora mencionava que atualmente esperava-se que professor fosse  SALVADOR DA PÁTRIA, hoje, porém eu já acho que muito em breve a profissão se extinguirá, visto que ninguém mais sentirá qualquer atração por ela. Quem observa tais massacres, que já estão se tornando históricos, jamais incentivará um filho ou um parente a ingressar na carreira do magistério. Também quem perderá a oportunidade de trabalhar sem tantos percalços  para continuar lecionando? O ambiente escolar atualmente é bom apenas para construir teorias longe dele. E aí é que vou concordar com a juventude que inicia o trabalho na sala de aula com tanta disposição, mas a primeira oportunidade que aprece parte para um cargo de chefia ou coordenação.
Portanto, não me venha dizer que ser educador atualmente é moleza. É dureza. Isso eu afirmo. E dura mesmo tem de ser a pele desse profissional para não sofrer lesões; também, suas emoções devem ser de aço para suportar culpas e acusações,  pois neste século, para continuar lecionando é preciso não ter corpo perecível, não sentir dor e ser completamente desprovido de emoção, já que a vulnerabilidade a que está exposto no seu cotidiano é incontestável e exige absoluto esquecimento da lei de conservação da espécie, assim como  absoluta frieza.   



2 comentários:

Anônimo disse...

Seu texto merece aplausos, infelizmente é nossa realidade nua e crua. Parabéns!!


Claudivânia

Rita de Cássia disse...

Verdade absoluta, retrata a alma desse profissional que cada vez mais é ignorado. Parabéns!!
Rita de Cássia