Formador de
consciências, motivador do progresso humano, devotado, responsável pelo
desenvolvimento intelectual, social e político, sempre foi característica
atribuída ao professor, entretanto, no contexto atual tais característica
entraram em decadência. Aliás, não foi
só a qualidade do orientador de cidadão que faliu , mas o ser humano na sua
integridade.
Principiemos, neste instante uma analise minuciosa da situação a que o intemerato educador esta passando. Primeiro, é uma das categorias mais desvalorizadas, visto que quando
resolve reivindicar o direito de viver com dignidade como trata o Artigo
5º da Constituição Federal, ou lhe é oferecido um acréscimo de 4 reais no
salário, ou mesmo 20% e parcelado em cinco vezes percebendo a primeira parcela dois
meses depois. É como se isso bastasse para suprir suas necessidades e de sua
família; segundo, é considerado no meio escolar como o responsável por todas as mazelas: desinteresse do aluno pelo estudo, baixo rendimento escolar e queda
do nível de ensino do Brasil; terceiro, tem se transformado em válvula de
escape de insatisfações e repressões
sofridas pelos alunos, corpo administrativo de escolas e até de alguns pais. Diante disso, o resultado se projeta em sala de aula, com a fotografia de um educador
reprimido, frustrado, humilhado, manipulado, mal pago e agredido por todos. Por fim, como se tudo isso ainda não fosse suficiente para a aniquilação desse profissional ainda surgem outros massacres a que está submetido fora do ambiente escolar, tais como as repressões policiais no momento em
que insatisfeitos resolvem reivindicar
seus direitos.
Sobre o último fator, vale salientar o histórico de professores
espancados em greve, por policiais em quase todos os Estados. Para comprovar a
afirmação temos de lembrar o massacre de Minas, de São Paulo, do Rio e, recentemente do Ceará. Será que alguém pode
considerar a violência sofrida pelos
nossos irmãos de profissão, os
cearenses, como Justa? Nada justifica tamanha violência. Então, diante do fato
eu lanço uma indagação: Será que entre tantas acusações que já pesa sobre os
ombros dos educadores, eles agora estão também sendo acusados por extorsão,
tráfico de drogas, homicídio, e corrupção pública (que nem é punida)? Porque da
forma que foram tratados os professores do Ceará, nem bandidos! Cujo tratamento é bem melhor, visto que até percebem ajuda de custo nas
penitenciárias. Será mesmo mais grave a falta que se comete quando se exige um
salário digno do que a de latrocínio ou homicídio?
Infelizmente assistir à situação a que o professor está exposto é
deprimente. São tiros em salas de aula, pontapés, socos, carteiras atiradas,
pressão psicológica por parte de
gestões, espancamento por policial... e ele lá, indefeso no meio do tiro de guerra: olhos roxos, cirurgias para extrair balas, escoriações... Qual terá sido mesmo a
falta por ele cometida para receber da sociedade tão cruel devolução? Então é
dessa forma que a sociedade demonstra sua gratidão a quem até altas horas da noites pensa e planeja ações que proporcionem aprendizado, educação, desenvolvimento
de habilidades e competência para proporcionar liberdade, emancipação,
capacidade empreendedora e autonomia aos cidadãos?
Sei, e todos podem confirmar, que até hoje nenhuma sociedade cresceu
sem valorizar o sistema educacional, por isso, quando se trata educadores como
animais ou marginais, nada mais se pode esperar desta sociedade.
É fato comprovado que o modismo está no ar. Educadores sofrem da sala de
aula à rua, e tem sido desvalorizado por todos. Ainda lembro um dia em sinal de protestos quando com muita propriedade uma jovem professora mencionava que atualmente esperava-se que professor fosse SALVADOR DA PÁTRIA, hoje, porém eu já acho que muito em
breve a profissão se extinguirá, visto que ninguém mais sentirá qualquer atração por ela. Quem observa tais massacres, que já
estão se tornando históricos, jamais incentivará um filho ou um parente a
ingressar na carreira do magistério. Também quem perderá a oportunidade de trabalhar
sem tantos percalços para continuar
lecionando? O ambiente escolar atualmente é bom apenas para construir teorias
longe dele. E aí é que vou concordar com a juventude que inicia o trabalho na
sala de aula com tanta disposição, mas a primeira oportunidade que aprece
parte para um cargo de chefia ou coordenação.
Portanto, não me venha dizer que ser educador atualmente é moleza. É
dureza. Isso eu afirmo. E dura mesmo tem de ser a pele desse profissional para não sofrer
lesões; também, suas emoções devem ser de aço para suportar culpas e acusações, pois neste século, para continuar lecionando é preciso não ter corpo perecível, não sentir dor e ser completamente
desprovido de emoção, já que a vulnerabilidade a que está exposto no seu
cotidiano é incontestável e exige absoluto esquecimento da lei de conservação
da espécie, assim como absoluta frieza.
2 comentários:
Seu texto merece aplausos, infelizmente é nossa realidade nua e crua. Parabéns!!
Claudivânia
Verdade absoluta, retrata a alma desse profissional que cada vez mais é ignorado. Parabéns!!
Rita de Cássia
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